sexta-feira, agosto 20, 2010

O Revelando vem aí, e muda de casa

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Adeus às escapadelas para almoçar um prato caipira no meio da semana, tal vez nem consiga chegar o ficar até o final da noite dos tambores... Será que vai rolar a noite dos tambores?
Não conheço o Parque Vila Guilherme, mas já vem com um porém, longe do metrô, longe do centro, longe do local que albergou durante 13 anos, o Revelando São Paulo. Uma pena.


Lembro muito bem quando o encontro se resumía a umas poucas barracas de artesanato, apresentações no bambuzal e uma fogueira acolhedora na casa de pau-a-pique que se estendia noite adentro com batuques, danças, cafezinho quente e outras bebidinhas típicas. Poucos, porém muito bem recebidos grupos convidados de outras cidades e muito, muito trabalho voluntário. Nessas épocas (e corro o risco de parecer uma vô falando assim) eu frequentava a sede do Abaçaí Cultura e Arte no Parque da Agua Branca. Desde então o amor por aquele parque foi aumentando. Aprendi muita coisa boa lá, dançar e tocar xucalho de maracatú, batuques de umbigada, meus primeiros passinhos de samba de Côco, de roda. Participei de uma verdadeira marchinha de carnaval! Aprendi a fazer paçoca no pilão, batucar, e amar, amar, o folclore brasileiro.


O Revelando foi crescendo, acrescentaram palcos, stands, comidas, mais espaços do parque, mais grupos convidados, programação de semana inteira, até começar a ser esperado pelos milhares de pessoas que o frequentam durante os dias de ativivades. Agora ele foi removido de casa, espero tenham um bom motivo e não seja parte do plano de desmatamento do Parque da Agua Branca. Esta materia no Blog do Nassif me alertou, e cruzando com a mudança... Pulga atrás da orelha!

quinta-feira, agosto 05, 2010

A natureza da dependência

Achei este texto tu-do! um to-ma! pros que acham que meu filho "ainda!" mama e isso está errado! Aos que acham que ele deve ser independente com 1a e 6m!!! Eu sempre respondo: estou criando um ser humanos mais seguro de sí... aqui então achei uma explicação à minha intuição de mãe.


Texto de Peggy O'Mara, Editora da revista Mothering (Maternagem) www.mothering.com Tradução de Mario Quilici, psicanalista

Recentemente, conversei com uma amiga que teve seu primeiro bebê há seis meses. Essa amiga comentou que iria começar a dar a mamadeira para seu bebê de forma que ele pudesse ter comida sempre que desejasse. O que eu realmente pude sentir foi que ela acreditava que poderia, através disso, ensinar seu bebê a ser mais independente e que, por isso, talvez sentisse que a dependência de sua criança fosse causada por uma deficiência dela. Nota-se que minha amiga partilha das concepções erradas que existem atualmente de que a dependência é ruim e a independência é algo que pode ser ensinado. Mas aí existe um engano. A independência é uma condição que surge da própria relação da criança com a dependência.

Nós temos um preconceito cultural muito grande em relação à dependência. Qualquer emoção ou comportamento que indique fraqueza, representa dependência. Isto fica evidente na maneira como nós forçamos nossas crianças a realizarem coisas que estão além de seus limites pessoais. Com isso, estamos afirmando que os padrões externos são mais importantes que a experiência interna da criança. Fazemos isso quando desmamamos nossas crianças em vez de confiar e acreditar que elas possam fazer isso por sua própria conta e na hora certa; quando nós insistimos que nossas crianças se sentem à mesa e comam toda a comida só porque achamos que o alimento que escolhemos é mais saudável e eficiente, em vez de confiarmos que eles comerão bem comendo o que está de acordo com o apetite deles; e quando nós os treinamos para a higiene numa idade muito precoce em vez de confiar que eles aprenderão usar o banheiro quando eles estiverem neurologicamente prontos.

Quando nós, que somos pais, assumimos que sabemos o que é melhor para nossas crianças no que diz respeito à experiência interna deles, e que somos nós que temos que lhes mostrar quando e como realizar determinadas tarefas características do desenvolvimento humano básico, nós os ensinamos que os padrões externos são mais importantes e mais precisos do que os que eles sentem e pensam.

Dois estudos científicos recentes refletem este preconceito cultural que despreza a fraqueza e a dependência das crianças. Um dos estudos comparou crianças que iam ser e estavam no colo de suas mães e crianças que foram vacinadas sem a presença de suas mães. As crianças que foram vacinados na ausência de suas mães choraram muito menos. De posse desses dados, os investigadores concluíram que seria melhor que os pediatras desencorajarem a presença das mães durante vacinação porque as crianças poderiam controlar melhor suas reações às injeções na ausência delas. Obviamente, os investigadores deste estudo foram parciais no que diz respeito às expressões emocionais e acreditaram que a expressão emocional das crianças sob tensão era uma forma de fraqueza.

Minha experiência é bem diferente. Eu notei que meus quatro filhos comportam-se de formas diferentes quando nós estamos em viagens ou estamos longe de casa. Nas viagens, eles controlam bem coisas, se dão bem entre si, e aceitam horas irregulares de sono ou mudanças na alimentação, mas ao voltar para casa é que as coisas mudam. Em casa eles brigam, choram e brincam. Eu acredito que esse é um comportamento normal para pessoas de todas as idades. É comum que as pessoas se unam quando enfrentam uma situação estressante ou então, isolem-se e mesmo briguem quando estão em território seguro. Para uma criança, o território seguro é a casa, a mãe, ou o pai.

ntão, era perfeitamente normal para aquelas crianças que iam ser vacinadas, chorassem sob a tensão da experiência, na presença de suas mães. A presença das mães dava-lhes liberdade e confiança para que chorassem. A conclusão deste estudo poderia ser: Que é melhor que as mães das crianças estejam presentes quando as crianças forem vacinadas. Assim elas podem controlar melhor a sua experiência de sentir medo, expressando-o.

Um estudo administrado por Margaret Burchinal da Universidade de Carolina do Norte em Chapell Hill, e publicado em fevereiro 1987 na Psychology Today, compararam crianças jovens que foram cuidadas em casa por suas mães desde o nascimento, com outras crianças que haviam ficado em creches desde a tenra infância. Este estudo concluiu que as crianças criadas fora de casa pareciam menos inseguras do que aquelas que haviam ficado em casa com suas mães. Poderíamos discutir que o que "parece" ser insegurança é uma avaliação subjetiva que não tem bases cientificas. Minha experiência diz que a insegurança é uma resposta absolutamente "apropriada" e normal. As crianças jovens são especialmente sensíveis a pessoas novas em seu ambiente, e esta sensibilidade muda na medida em que seu ambiente se altera. Por exemplo, cada um de meus filhos relaciona-se de forma diferente com estranhos. Esta diferença está diretamente ligada com quantas pessoas nós encontramos fora de nossa casa. Meu quarto filho, que cresceu fazendo contato com muitas pessoas que trabalhavam comigo na revista, às vezes parece uma criança mais segura do que minha primeira filha, que foi criada num ambiente rural, onde vivia mais isolada.


As pessoas que estudam animais lhe dirão que bebês animais, conhecidos por sua curiosidade, são mais cautelosos que curiosos. Seria a precaução ou a cautela consideradas uma forma de insegurança? Às vezes agimos como se desejássemos que nossas crianças "surgissem do útero", completamente socializadas, e não aceitamos as experiências que elas têm com o mundo e nem suas personalidades individuais. Mas é simplesmente o passar do tempo que desenvolve a socialização. Não há como apressar isso sem causar problemas.


Quando rejeitamos as expressões de fragilidade da criança – comportamento que nós também rejeitamos em adultos - nós criamos uma guerra dentro delas. Em primeiro lugar, nós estabelecemos um padrão arbitrário de comportamento que pretende determinar o que é melhor para que eles possam construir a própria experiência. Por outro lado, nós lhes ensinamos o hábito de rejeitar respostas imediatas e afetivas em favor da razão e do intelecto.


Foi só recentemente que eu comecei a aprender a aceitar as emoções mais "frágeis" de meus filhos. Quando minha primeira filha (agora com 12 anos) era um bebê, eu ficava assustada cada vez que ela se feria. Eu corria para acudi-la porque eu achava que aquela era uma experiência terrível com qual ela não tinha condições de lidar. Minha resposta exagerada ensinou minha filha a acreditar que se ferir era uma experiência terrível e insuportável. Já com meu quarto filho eu agi diferente. Quando se fere, ele faz um tremendo barulho. Mas eu não corro ou fico em pânico. Eu não tento fixar nele idéias ou sentimentos que são meus. Ele grita e corre, e eu tive que me treinar para deixa-lo se arranjar. A aceitando sua resposta emocionalmente rica, e tratando o dano que ele sofreu com carinho e sem indiferença, observei que sua reação emocional "extrema" normalmente é curta. Quando ele pode sofrer sua realidade emocional completa, ele logo fica livre para abandona-lá e entrar em contato com outras realidades que vão surgindo nos momentos seguintes.


Certamente, algum controle de nossos impulsos internos é necessário na medida em que vivemos como seres sociais. É através desse tipo de controle que nós aprendemos o que é um comportamento socialmente aceitável, como por exemplo usar um banheiro, comer com uma colher, e vestir determinadas roupas. Mas quando este controle da experiência interna pelo intelecto torna-se moralista em vez de ser socializada e prática, quando fica muito extremada, ou quando nós insistimos constantemente em fazer nossos filhos a acreditar que nós sabemos o que é melhor para eles, nós lhes roubamos o direito inato e essencial da auto-regulação.

A criança que cresce com essa falta de senso de auto-regulação, desconfiada de si própria e de sua própria experiência interna, pode se tornar um adulto vitimado por hábitos ruins. Quando eu olho à minha volta e vejo a maioria das pessoas lutando com comportamentos compulsivos - comendo demais, sendo excessivamente responsáveis, fumando cigarros, tomando drogas, se matando de trabalhar, se embebedando com álcool ou que vivem em busca de um guru - tentando de algum modo achar a perfeição fora de si próprio ou tentando se esforçar obsessivamente para encontrar a "perfeição". Eu acredito que estas compulsões e hábitos têm suas origens nas repressões aparentemente bem planejadas da infância. Uma criança a quem é ensinado exercitar o controle se utilizando de padrões externos, cria uma divisão interna que gera conflitos entre o que é imediatamente experimentado e o que se supõe que poderia ser. Aprende a acreditar que há um modo perfeito de ser.

Nossa função como pais, é entender e honrar a natureza de dependência na criança. Dependência, insegurança e fraqueza são estados naturais para a criança. A bem da verdade, estes são estados naturais para todos nós, mas para as crianças - as crianças especialmente jovens - são condições predominantes. E eles serão superados. Da mesma maneira que nós deixamos de engatinhar e começamos a andar, deixamos de balbuciar e começamos a falar, passamos da condição assexuada da infância para a sexualidade da adolescência, nós atingimos nosso fins. Como humanos, nós nos movemos da fraqueza para a força. Nós passamos da incerteza ao domínio. Enquanto nós nos recusarmos a reconhecer as fases que vem antes do domínio, estaremos ensinamos para nossas crianças a odiar e desconfiar de sua própria fraqueza, e os introduzimos numa vida cheia de tentativas de reintegrar as suas personalidades.

Eu não posso deixar de insistir na importância de confiar em nossos filhos; de confiar inteiramente neles. Ao aceitarmos as fraquezas deles como também as suas forças, suas emoções feias como também as suas emoções bonitas, os seus desastres, como também os seus triunfos, a dependência deles como também a sua independência, estaremos lhes dando um presente para uma vida inteira. Eles serão pessoas inteiras que não estarão em conflito consigo mesmo e, o que é mais importante, não estarão em guerra com outros.

É da natureza da criança ser dependente, e é da natureza da dependência ser superada. Odiar a dependência porque ela não é independência é o mesmo que odiar o inverno porque ele não é a primavera. A dependência vai florescer em independência a seu próprio tempo.

Permitida a divulgação e veiculação, desde que citada a fonte: http://www.slingando.com

quarta-feira, agosto 04, 2010

Carta Aberta da Parto do Princípio

Necessidade Urgente de Retificação do Programa Eleitoral do Candidato José Serra

A Parto do Princípio Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa, entende como propaganda enganosa o trecho do vídeo do Programa Eleitoral do Candidato José Serra exibido em cadeia nacional de rádio e televisão no dia 17 de junho de 2010.

Transcrição realizada através da cópia das legendas do vídeo disponível em:  http://joseserra. psdb.org. br/noticias/ serra-sabe- fazer-e-faz (a partir do minuto 4:10 do vídeo de 10 minutos)

[...] E olha só o que ele fez pras futuras mamães: [...] O Programa Mãe Paulistana. Seis consultas de pré-natal, vale transporte, parto em hospital marcado com antecedência. Tudo de graça.

A mensagem do vídeo pode ser comumente entendida como agendamento do parto, assim como são agendadas as cesarianas tão frequentes nos setores suplementar e privado de assistência à saúde brasileiros. Apesar de muitas mulheres desejarem escolher a via de parto de seus filhos (parto normal ou cesariana), induzir e subentender que marcar a data do parto seria um benefício contradiz totalmente com o que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, pelo Ministério da Saúde, e Pelo Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

Ao contrário do que é sugerido pelo vídeo, no setor público as mulheres não escolhem a via de parto, sendo esta uma decisão baseada em indicações clínicas que tornem necessária uma intervenção cirúrgica. As evidências científicas indicam que a realização de uma cirurgia desnecessária aumenta os riscos de morbi-mortalidade materna e neonatal.

Outra interpretação possível da mensagem é de que haveria possibilidadede reservar vaga em hospital antecipadamente. Porém, o Programa Mãe Paulistana não contempla tal procedimento, de acordo com as informações disponibilizadas pela própria Prefeitura de São Paulo. O que existe é uma Central de Regulação que presta apoio quando há falta de vagas.

Diante dessa mensagem cujas duas possíveis interpretações carecem de fundamento, faz-se necessária e urgente retificação da mensagem transmitida com nota de esclarecimento sobre os benefícios do parto normal.

Solicitamos também que seja dada a devida publicidade a que o programa efetivamente propõe. Esse, sim, seria o compromisso do candidato com o que é melhor para a saúde das mulheres e seus bebês.

Vale lembrar que, em todo o Brasil, as gestantes tem direito à no mínimo seis consultas de pré-natal pelo SUS.

E na cidade de São Paulo, o vale transporte e a garantia de vagas nos leitos dos hospitais públicos municipais e conveniados com o SUS são direitos das gestantes desde 2001 (Lei Municipal nº 13.211 de São Paulo aprovada e sancionada por Marta Suplicy).
Caso o candidato considere necessário expor sobre assuntos referentes à assistência à gestante durante sua gestão, sugerimos citar a Lei Estadual 13.069 de 2008 do Estado de São Paulo, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos serviços de saúde informar sobre o direito à presença do acompanhante no parto. Apesar de até hoje não estar sendo cumprida por muitos hospitais do Estado de São Paulo, é uma lei que foi promulgada durante sua gestão.

Aproveitamos para salientar que também as Leis Estadual (Lei Estadual nº 10.241 de 1999) e Federal (Lei Federal nº 11.108 de 2005) do Acompanhante no Parto continuam sendo desrespeitadas em muitos hospitais públicos e particulares do Estado de São Paulo.

Gostaríamos ainda de saber qual foi a intenção da menção de que é "Tudo de graça" quando sabemos que se trata de direitos garantidos por lei e assistência pública à saúde. Desde 1988, com a promulgação da Constituição da República, a saúde é direito de todos e dever do Estado, financiada por tributos para os quais a população inteira contribui. Não é de graça, pagamos por isso.

O Brasil não pode mais permitir propaganda enganosa.


Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa

Uma rede nacional, com mais de 100 mulheres por todo o Brasil, que luta para que toda mulher possa ter uma maternidade consciente e ativa através de informação adequada e embasada cientificamente sobre gestação parto e nascimento. (www.partodoprincipio.com.br)

Mais informações, acesse:

Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal

http://portal. saude.gov. br/portal/ saude/profission al/visualizar_ texto.cfm? idtxt=32350& janela=1

Programa Mãe Paulistana

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/programas/index.php?p=5657

Parto Normal: mais segurança para a mãe e o bebê

http://portal. saude.gov. br/saude/ visualizar_ texto.cfm? idtxt=20911