terça-feira, outubro 06, 2009

Condicionamentos II

Casal de lésbicas, felizes com seu casal de gêmeos, enfrentando a briga para registrá-los em nome de ambas

Eu sei! virei a chata ativista do movimento mãe independente, mas este assunto volta a tona agora, 8 meses depois de maternagem.

Maternidade muda MESMO a vida da gente, fichas vão, fichas caem, mudam gostos, prioridades principalmente, aparecem os sufocos, económicos, emocionais. Um sem fim de novidades que nem sempre estamos fortemente preparados para enfrentar. Nunca estamos até que aparecem e nos viramos!

Me ajudou muito participar das rodas de conversa do Grupo de Pós Parto do GAMA. Fui poucas vezes, pela distância, horario e preguiça mesmo que aparece na vida de quem se vira sozinha em casa com um bebê. Porém foram muito boas para ter parâmetros de como é a maternagem num lar tradicional. Fora a quantidades de dicas e métodos que intercambiamos e testamos com as mamis para ir construindo juntas nossa maternagem, sem falar na bebezada linda e risonha alimentada a amor e leitinho da mamãe. Realmente muitas saudades do grupo de pós... ainda prometo dar um drible no meu serviço e volto lá! A lista das Maternas é meu suporte diário de experiências e modelos. E o pediatra então! O Cacá é a fonte de sabiduria e tranquilidade em pessoa! ele consegue transmitir sossego no meio do Ai, meu deus! e ainda te faz dar uma risada. É preciso e sabe muuuuuuuuuito do que faz, aprendo a baldes!

Mas voltando ao assunto se virar e ao lar tradicional, cada vez que passo por um sufoco, dificuldade, noites de choro, grana que aperta, carinho que falta, NUNCA, MAS NUNCA MESMO, penso em ligar para o dono do espermatozoide como solução para algumas dessas situações ou outras. Nesse sentido, por fim, saiu melhor a emenda do que o soneto. Muito melhor ele ter desaparecido. Claro que eu não seria tão sem noção de ter ido engravidar num banco de esperma anonimo dadas as circunstancias trabalhistas, monetárias, etc. Teria construído, ou tentado construir uma situação económica melhor para PENSAR em fazer isso. Não esperava ter que me virar de uma hora para outra como aconteceu... mas rolou, me virei e continuo virándo-me. Não estou literalmente sozinha na empreitada, tenho o carinho e colaboração do time de tias e tios que realmente são nota mil.

Mesmo assim, as vezes bate um desamparo, uma vontade de viver em comunidade, familia. Passar a noites sozinha com o Esteban chorando de dor de sei lá ou qué, ou febre é foda. Sinto falta mesmo, naquelas horas apavoradoras, é de uma mãe. Daquelas bem carinhosas como lembro a minha. Que me diga que não é nada, que vai passar... que descanse um pouco, que seguro a onda e te acordo para dar de mamar. Mas, estou me virando.

Voltando aos lares tradicionalmente formados, infelizmente nem todos são felizes. Muitas mulheres tem, além de virarse sozinhas com os bebês, cuidar também das roupas, comidas do marido e do resto da casa. Como se não bastase, os pais mesmo não colaborando, se acham no direito de questionar e intervir em situações que atrapalham à mulher em relação à criança. Fazem barulho na hora do bebê dormir, criticam amamentação, e doideiras do estilo. Poucos são os maridos/pais que seguram a onda ombro no ombro, na Ilíade da criação. Meu salve a eles no desejo de que aumente a espêcie!

Nesse sentido me sinto uma privilegiada, não tenho quem me ajude no noite a noite, mas muito menos quem me atrapalhe!!! Mas uma coisa me revolta e aí que vem o tema dos condicionamentos... Por que as pessoas não se conformam da decisão de não procurar o dono do esperma? por qual motivo podem achar que esse sujeito poderia ajudar se nunca se interesou? Por que uma decisão que nos protege de situações de brigas e violência pode ser considerada de orgulho? Qual a revolta de que meu filho seja registrado apenas por mim se sou, por fim a única responsavel, mesmo pela sua existência?...

Se eu tivesse abandonado ele (meu bebê) depois do nascimento (no caso nós fomos antes), as pessoas se preocupariam tanto pela importancia da mãe? Por que então, tão importante um pai? um pai qualquer? E se eu fosse lesbica e o "pai" do meu filho fosse uma companheira?

A sociedade muda mas continuam existindo os fortes condicionamentos morais, religiosos, etc. etc... Mas já existem novos modelos, chamados de alternativos, porqe no se "encaixam" nos já formados a miles de anos. O importante, qualquer seja o tipo de lar onde nasceu é que o bebê vida rodiado de carinho, proteção, aconchego, principalmente amor. E de isso, temos a baldes.

Em rlação ao futuro, prefiro que seja o proprio Esteban que decida. Por enquanto ajuda é bemvinda, condicionamentos.... já temos tantos nesta vida!

sexta-feira, junho 19, 2009

Pelo direito às Casas de Parto

Regulamentadas em 1999 pelo Ministério da Saúde, as Casas de Parto, ou Centros de Parto Normal, são "unidades de saúde que prestam atendimento humanizado e de qualidade exclusivamente ao parto normal sem distócias". Ou seja, são lugares onde, pelo SUS, a mulher com gravidez de baixo risco tem suas vontades respeitadas ao parir.

Quem já se sentiu violentada por um parto normal cheio de intervenções ou por um corte de cesariana desnecessárea entende o que quero dizer com vontades respeitadas. É ser compreendida e amparada como indivíduo - que não funciona como ditam os livros -, é poder encontrar a posição ideal para suportar uma contração, comer ou beber se desejar, ter a companhia que escolher, ouvir música, não ouvir conversas paralelas, não usar roupas, ou se agasalhar como quiser. É ser protagonista do grande evento fisiológico para qual seu corpo se preparou por meses. É fazer seu parto, em vez de esperar que alguém o faça, e mesmo assim ter assistência.

Na maioria das Casas de Parto a assistência é dada por enfermeiras obstetrizes, também chamadas de parteiras profissionais. Elas estão preparadas para lidar com emergências, o que inclui encaminhar para um médico em tempo hábil quando necessário. E - mais importante que na exceção - na regra, estão prontas para ouvir, acalmar, sustentar. "Pra parir a gente precisa de segurança, tranquilidade e carinho e isso tive de uma obstetriz", me disse Mariana Lettis, amiga querida que pariu o Esteban na Casa de Parto de Sapopemba depois de 17 horas de trabalho de parto. Dificilmente um médico tradicional esperaria tanto tempo para um nascimento. O mais provável é que, com desculpa de falta de dilatação, bebê alto, bacia pequena ou cordão enrolado no pescoço saberíamos de outra desnecesárea.

Mas apesar de fantásticas, as Casas de Parto são bastante perseguidas por aqueles que consideram o parto um ato médico. Essa semana, a única Casa do Rio de Janeiro foi arbitrariamente fechada e só reaberta depois de protestos. Telefonei para a Casa de Parto de Sapopemba, a única com atividade constante em São Paulo, e a obstetriz me informou tristemente que foi proibida de dar entrevistas. Proibida? Sim! Proibida de dar entrevistas, de relizar encontros com grupos de gestantes ou promover qualquer atividade que divulgue o trabalho realizado na Casa.

Reproduzo aqui a provocação da parteira profissional Ana Cristina Duarte, por quem tive a sorte de ser assistida no parto: "A verdade seja dita, se as mulheres saudáveis começarem a ter seus bebês com enfermeiras obstetrizes, em clínicas simples e casas de parto, a exemplo do que acontece na maioria dos países de primeiro mundo, o que será dessa gigantesca indústria das cesarianas, dos hospitais cinco estrelas, dos cirurgiões e seus consultórios? Como sustentar esse setor lucrativo da economia?"

Se você também repudia o que está acontecendo nas Casas de Parto, assine o abaixo assinado promovido pela ONG Parto do Princípio e esteja atento.

* Bianca Santana para o Blog Pé de Manga

quinta-feira, junho 11, 2009

E a minha vida mudou...

relato de varios nascimentos

Me propôs fazer este post para registrar a mudança mais radical e adorável da minha vida. A passagem do solteirismo faceiro pra maternidade faceira!

Sobre como transcorreu a gravidez e os porquês das coisas já escrevi num outro post. Tal vez seja bom comentar que desde os 24 foi que decidi que queria ser mãe e que não esperaria o príncipe azul chegar para isso, com o tempo fui definindo que preferiria que fosse antes do 35 para não correr riscos desnecessários e poder escolher com tranquilidade se ia querer outro filho. Mas vamos lá.

Chegadas as 39 semanas, a minha torcida era por chegar e/ou ultrapassar a DPP (data prevista pro parto) que era 25 de janeiro, porque a Mariel iria me acompanhar no parto e ate essa ata estava trabalhando num evento que a limitava no tempo que poderia permanecer comigo. Já estava de licencia maternidade porque precisava ainda terminar de arrumar o apertamento (escrevi bem, é apertado mesmo, aqui...rsrs mas sabem que estou achando ótimo? Tudo fica perto para atender o baby.) pra grande chegada do Luis Esteban. Era uma quarta-feira, dia 21 de janeiro, quando fui almoçar com a Div's e, ao ir ao xixi-room às 14h30, descobri que tinha começado a perder o famoso tampão. Mas fiquei quieta e também tentei me acalmar, não queria dizer nada ainda, e não quis alarmar ninguém. Decidi continuar meu dia como tinha planejado. Depois de tudo poderia se passar uma semana ainda.

Fui comprar jujubas para as lembrancinhas que faltavam, voltei para casa, continuei com as arrumações, fui para casa da Carine e depois, para casa da Ana, e para a reunião do núcleo do Almeida (boteco de algumas quartas-feiras, com amigos, que continuei acompanhando tomando suquinho de laranja e comendo muito peixe assado!). Cheguei em casa mais da meia noite. Tudo tranquilo e continuava a secreção.

Fui deitar e, como sempre o Esteban se mexia pracas (sempre até às 3 da matina), então resolvi vir para o micro e combinei com Irineu pelo googletalk, de ir pro lançamento do livro dele no dia seguinte, quinta-feira às 20hs, já que tinha se passado mais um dia e nada de TP, me despedi e fui “dormir”. Lá pelas 3hs, na trigésima vez que fui fazer xixí, o tal de tampão saiu inteiro na minha mão... Bom, não siginifica nada, pensei e voltei pra cama.

Às 3h20 uma dor forte pracas me assusta quando tentava dormir. Resolvi ligar pra Mariel e deixar ela de sobre aviso, por sorte ainda estava acordada no serviço (na Campus Party) e me disse que poderia vir e , se for falso alarme, tudo bem. Mas melhor ficar perto. Então voltei deitar para ir descansando, sabia que devia descansar e comer para encarar o trabalho de parto, mas não tinha fome e muito menos sono. Cinco minutos depois o telefone toca e mais umas dessas dores na barriga me ataca, “Puta que o pario, meu!!!” tudo o que consegui falar, e ela “qual o numero do teu predio? Estou indo pra aí”. Nesse tempo liguei pra Casa de Parto, e a Marciana disse que era para só chegar lá quando estiver com 3 contrações, cada 10 minutos, durante uma hora, de pelo menos um minuto cada contração, (inda bem que anotei isso porque até agora não lembro direito). Cada vez que uma dor vinha, com celular na mão, olhava a hora e anotava num papel e contava, um -Puta merda! Dois, aí mi diós! E por aí seguindo, para ter noção de quanto tempo duravam. Quando a Mariel chegou, checou as anotações, esperamos mais um tempo para deixar chegar na hora, ligou para casa de Parto e disseram para ir, devagar, tranquilas, mas podem ir chegado. Ao parecer (eu já não batia bem os pinos com as dores) estavam nesse trem.
Liguei pra Frineia, minha amigona e vizinha com carro, primeira na lista dos disponíveis pra me levarem, Fri, eu disse, Luis Esteban chamando .“Ai, meu deus!” Ela disse e, em 10 minutos chegou em casa.

Lá fomos as três, no meio da madrugada pra Casa de Parto. No viaduto que ia pra zona leste tinha acontecido uma batida de carro e estava interditado pela CET. O quadro, eu de quatro na parte de trás do carro respirando nas contrações, e a Fri discutindo com o cara da CET para que abram uma franja para a gente passar . Depois de nos perder um pouquinho, chegamos 5h30, em Sapopemba, eu morria de vontades de fazer xixi, fui no intervalo das contrações e quando saí,veio junto com uma contração fortona, uma água escorrendo.

A Rose, parteira da casa, me examinou olhando com um instrumento com luz, e falou 1,30cm de dilatação e bolsa rompida, internação. Ai, ai!!! 1cm apenas!!! e eu já querendo vomitar!!! o cardiotoco deu normal, o Esteban estava com 146 batimentos por minuto, um lindo.
Lá fomos nós pro quarto, e daí para a frente pouca coisa me lembro. Para poder escrever este relato tive que voltar ao prontuario e a conversar com as meninas e parteira para reconstruir. Sei que ofereceram café da manhã, mas comi algo e vomitei, sei que fui pro chuveiro com bola, de lá pra banheira de hidro, daí pro chuveiro de novo. Me sentia frustrada de não conseguir agachar, travar pela dor, sentir tanto medo da dor. Eu que achava que dançando como dançava, fazendo Yoga e tendo a elasticidade que tenho ia ser fácil, travei, travei, e travei! Eu achava românticos os relatos de parto que tinha lido, e não tinha reparado no lance de doer pra car...

Em algum momento, lá pelas 13hs, vieram fazer o toque e constataram 4cm apenas! E disseram que precisaria de ocitocina, choraminguei mas explicaram que não podia ficar ai muito tempo com a bolsa rota e o bebé ainda estava alto (e estava mesmo!). Aceitei, mesmo assim confesso que não percebi diferença no volume de dor...rs Continuava doendo pracas! A Mariel precisava ir embora e o mundo caiu, mas ela me disse que a Fri voltava, e com código de cavaleria juntamos as cabeças e nos despedimos pensando que tudo ia sair bem.

Daí para frente sei que cochilei entre uma contração e outra e sonhava que estava numa praia de coqueiros, que estava no Fórum Social em Belém e isso tudo nos 2 minutos de sossego entre dor e outra. A Fri tinha voltado do serviço e me lembrava “respira, Yoga, respira” e eu não mandei ela pra nenhum lugar como ela esperava. Alguns amigos que passaram por lá para saber a quantas estava a coisa, ouviam meus gritos e lamentações em portunhol.

Um delírio que tive, causado pelas dores, acontecia cada vez que a assistente vinha escutar o coraçãozinho do Esteban e ele mantinha os mesmos sossegados 146 batimentos, eu ouvia a música do Tim Maia tocar em algúm lugar“Numa reláx, numa tranquila, numa boa!”

Trocando o turno das parteiras a Yukie veio para me dar um ánimo, me fazendo parar com essa cantarola de vou morrer e me abraçando muito para conseguir agachar, me fazendo massagens nas lombares, me ajudando a tentar fazer força, pedindo pra doce Tereza (assistente da casa) botar musiquinha broxante para me acalmar. Ai! Como queria a bateria do Ilú naquela hora para me dar ánimo!

Em algúm momento a Edina e o Márcio passaram por lá, Edina entrou e pude ver a cara de susto ao me ver pelada, descabelada, e desvairando... Não lembro em que momento ela foi embora.
Lá elas 18hs (segundo o prontuario) mais um toque, 7 cm!!! uma luz no fim do túnel já não sabia quantos vômitos, descabelamentos, cocós, pedidos de cesáreas meus, anestesias, tinham acontecido na jornada toda. Sentia vontade de fazer força e a Ykie falava que tinha que sair e tricotar para não fazer intervenções, mesmo assim tentou me ajudar a ficar de cócoras para o Esteban descer. Sei que me deram plasil e glicose, duas vezes.

Bom, só consegui fazer força na cama, costas encostadas, barrinhas aos lados. Lá estava eu cagando e não andando, e empurrando, e dor vinha, mas já não me abalava mais. Até que a Fri foi aprontar a máquina de fotos, a Yukie saiú da sala e veio de avental branco, mas uma parteira chegou também, a Luz se apagou e se acendeu um abajur, uma mesinha foi aproximada da cama e pensei, agora sim, né? Uma nova energia me invadiu, e lá fui eu orientada a fazer força sem comprometer a garganta. E a Fri disse “Estou vendo algo sim, Mariii!!”. Meninas, nessa hora não lembrei de espelho, de nada, só queria era parir!!!

A outa parteira fez umas “arrumações” na minha barriga (Elly me explicou depois que é manobra de Crysteller) Mas não me incomodou, nada me incomodava mais naquela hora. Senti o círculo de fogo (meu deus!! é um verdadeiro fogareú, hein!!!) e não consegui brecar uma força, que a Yukie pediu e que me custou uma laceraçãozinha, mas o Esteban saiu disparado! 20 horas em ponto! (horário do lançamento do livro do Irineu!! rsrs)


De zoião aberto e soltando uma bela cagada, veio para minha barriga. Fiquei imediatamente recuperada de todos os sustos e dores! Puxei ele pra mim e, de um cabeçazo tipo Marlon Brando no “Ultimo tango em Sapopemba” como disse Ana Cris, ele pegou no meu peito e mamamos felizes para sempre! Nasceu o Esteban, nasci como mãe, nasceram todos como tios, pais, avós... A Yukie me fez sentir o cordão pulsando enquanto ele mamava... foi muita emoção!


Nisso tudo, o Felipe, super amigão, pai de coração do Esteban, chegou durante o expulsivo mas só deixei entrar para cortar o cordão quuando parou de pulsar. Depois a Carine e o Renato que estavam esperando, e trouxeram comidinhas, puderam entrar para ver o pequeno. Quando todo mundo foi embora e o pequeno durmiu, vieram me pegar para me dar banho, aí tentei descer da cama de um pulo, e tudo obscureceu!!! Me reanimaram com soro, e me trazeram a comida. Sangrei muuito, mas me recuperei dias depois. No dia seguinte a Elly, super materna mãe do caetano, veio nos visitar logo antes de que nos deram de alta. E fez a primeira foto que tive de nós dois. As da Fri consegui pegar beeem depois já que ela é andarilha e trabalhadeira que só!!!


Quero agradecer a todos os que são responsáveis pelo Esteban, ele é a construção coletiva mais amada. Sem todo o apoio e o carinho cotidiano não seriamos tão felizes.

Quero também agradecer a Bianca que colocou no meu caminho às maternas, o GAMA, a Ana Cris, o Cacá. Pessoas que trabalham pela humanização do parto, pelo desenvolvimento dos pimpolhos, que me abriram os olhos para uma realidade que precisa ser mudada, e que são fonte de inspiração para mais uma mudança na minha vida, me aguardem!

sábado, fevereiro 28, 2009

A vida em semanas

(Faz tempo que escrevi este post, mas a vida da gente vira uma bagunça.. só hj consegui publicar...rs Meu lindo já passou do mês.)

Estou com meu pequerrucho nos braços, ele nasceu com 39 semanas e meia de gestação.

Nunca consegui entender direito esse lance das semanas durante todo o processo da gravidez. Teve momentos nos quais foi muito fácil acompanhá-las, outros em que perdi realmente a conta e, no final então, meus cálculos eram diferentes aos feitos pelos obstetras porém, por fim, acabou dando na mesma! Luis Esteban resolveu nascer no dia 22 de janeiro de 2009 às 20 horas em ponto. “Um aquariano nascendo em horário pontual? Só podia ser com ascendente em virgem!” - Exclamou tia Fri num email enviado a todos com a boa nova.

O certo é que nunca antes minha vida tinha sido pautada em semanas até agora. E acho também, que será uma fase que chegará ao fim quando o Esteban complete um mês.

Confesso que não curti a gravidez de cabo a rabo, as primeiras semanas padeci incertezas, indecisões mil, nervosismo, decepções... em fim, depressão. Fiquei preocupada também, porque não tinha plano de saúde -Olha que absurdo! foi depois que descobri que para gestantes é até melhor nem ter plano. Porque os GO (Ginecologistas Obstetras) dos convênios, fazem mil tipos de procedimentos invasivos durante a gestação, indicam ultrasonografias até demais da conta e, vivem enganando as futuras mães com o conto do tão desejado parto normal, para depois enrolar elas numa cesária desnecessária, vé se pode isso!? Porém, quando resolvi que ia encarar e ter finalmente, meu primeiro filhote, todo passou a ser contabilizado em semanas, e cada etapa, ou trimestre, trouxe um monte de aprendizados e atenções diferentes.

Bom, para dar o veredito final em relação a continuar a gravidez, era necessario saber que tudo estava bem com o bebê, para isso pedi pra minha GO do começo, Dra. Vânia, me indicar algum dos exames que servem para descobrir síndromes em fetos. Conhecia apenas o exame de vilo ou Biopsia de Vilo Corial, que serve para detectar anomalias genéticas, como a Síndrome de Down, consiste numa punção que pode ser feita a partir da 11ª semana de gravidez, o resultado fica pronto em uma semana ou 15 dias. Mas a Vânia, descobriu e indicou um exame realizado apenas no Instituto Albert Einstein, chamado O.S.C.A.R. (One Stop Clinic for Assessment of Risks). A vantagem é que não se trata de um exame invasivo e a diferença de custo entre ambos não era muita, também dava muita tranqüilidade saber que não corria nenhum risco de aborto, no caso estivesse tudo bem. Esse exame pode ser feito a partir da 11ª semana de gestação e o resultado é entregue na hora, já fica valendo pelo primeiro ultrassom morfológico e o sexo, no meu caso foi muito bem chutado, 70% de chances de ser menino o médico disse. Foi paranoico da minha parte querer fazer esse exame, mas num quadro onde tudo estava dando errado, não queria correr mais esse risco.

Muito me ajudou acompanhar o site Vida no Ventre da National Geografic, oportunamente indicado pela dinda Mariel, que também indicou e me inscribi para receber os boletins gratuitos da revista Crescer. Graças a Bianca, mãe do foférrimo Lucas, conheci também GAMA e a lista das Maternas-SP, Grupo de Apóio à Maternidade Ativa, onde se encontram mulheres e profisionais que procuram e apóiam o parto humanizado, Ana Cris é parteira de lá e moderadora da lista na qual continuarei participando, depois de tudo, não é apenas para gestantes. Sem dúvidas, as melhores referências se tratando dos encantos de maternar.

Nas semanas consideradas de primeiro trimestre, também tive a sorte de ter muitos desejos de frutas, que não gostava de comer antes, o que rendeu muitas vitaminas pro Esteban. É especificamente o trimestre (todos tem importância) mais importante para cuidar da alimentação, tudo está em formação. Também nesse período médicos indicam o ácido fólico para reter e absorver ferro, estamos fabricando uma pessoa, né? Todo cuidado é pouco, até para continuarmos belas e saudáveis. Tive que cortar com alguns vícios, o café por exemplo, que tomava de cinco a seis copinhos por dia, teve que ser reduzido a apenas, dois. Bebidas alcoolicas também foram quase erradicadas, apenas uma latinha, ou uma taçinha de vinho de vez em quando. "A questão é não criar dependência no feto" falava a Dra. Vânia. Mas adiante, numa matéria na qual saimos Esteban e eu na Folha, descobrimos que fetos onde mães consomem muito café durante a gestação nascem com menor peso, pois estes asimilam a energía do café e não dos alimentos para se desenvolver.

Já no segundo trimestre a barriga começou aparecer de verdade, algumas mães com alimentação super saudável não usam complexos vitamínicos, eu escolhi tomar. A minha vida sempre foi hiper ativa, uma alimentação saudável não bastava apenas pra mim, muito menos com o Esteban em formação. Sem duvidas, o segundo é o melhor trimestre, a gente se sente uma gestante e ainda sexy! Barriguda e leve ao mesmo tempo. Os “chutes”, movimentos do feto, começaram a sentir-se, foi muito bom!!! Foi também o período onde perdi a conta das semanas. Neste trimestre comecei fazer meu pré-natal no Amparo Maternal, freqüentar algumas reuniões de quinta no GAMA, fazer aulas de Yoga com a Wal (muito bom! Recomendo, mesmo não sendo uma turma especifica para gestantes) e pensar, de leve, onde seria o meu parto. Fiz mais um ultra-som morfológico pra certificar todinho e constatei que o “chute” do médico em relação ao sexo no primeiro trimestre estava certo, Luis Esteban!

Da semana numero 28 à 39, todo foi muito corrido. Tinha um monte de serviço pra fazer, trabalhando mais horas das que esperava, a casa ainda era um caos, e a barriga começando pesar. Também se retomaram os ensaios do Bloco Ilú Oba de Min, onde participei na dança durante toda a gestação, e os finais de semana eram destinados a eles. O complexo vitamínico foi de vital importância, quando parava de tomar me dava rinites. Quase tinha uma comunicação com o Esteban, sabia que ele gostava quando eu dançava, ele era inquieto às noites, ele estremecia quando acariciava a barriga. Também neste período começou a preocuparme a questão do parto, tinha que ser natural, meu bebê já estava contribuindo para isso, ficando em posição cefálica (de cabeça para baixo) desde o quarto mês. Comecei a ler um monte de relatos de parto e comecei a temer pelos procedimentos hospitalares, ocitocina, epsiotomia (corte feito no períneo, muitas vezes desnecesário) e pela famigerada cesária, desnecesária dos planos de saúde. Esta última nem tanto porque tive a vantagem de não ter um. Ouvi falar na Casa do Parto de Sapopemba, é longe! Mas também fiquei sabendo que não é tão rápido assim que acontece um parto e que temos horas para poder chegar. E foi lá que meu rebento chegou! Mas por esse relato vocês vão esperar mais umas semanas. Agora preciso ir dar de mamar!