terça-feira, outubro 06, 2009

Condicionamentos II

Casal de lésbicas, felizes com seu casal de gêmeos, enfrentando a briga para registrá-los em nome de ambas

Eu sei! virei a chata ativista do movimento mãe independente, mas este assunto volta a tona agora, 8 meses depois de maternagem.

Maternidade muda MESMO a vida da gente, fichas vão, fichas caem, mudam gostos, prioridades principalmente, aparecem os sufocos, económicos, emocionais. Um sem fim de novidades que nem sempre estamos fortemente preparados para enfrentar. Nunca estamos até que aparecem e nos viramos!

Me ajudou muito participar das rodas de conversa do Grupo de Pós Parto do GAMA. Fui poucas vezes, pela distância, horario e preguiça mesmo que aparece na vida de quem se vira sozinha em casa com um bebê. Porém foram muito boas para ter parâmetros de como é a maternagem num lar tradicional. Fora a quantidades de dicas e métodos que intercambiamos e testamos com as mamis para ir construindo juntas nossa maternagem, sem falar na bebezada linda e risonha alimentada a amor e leitinho da mamãe. Realmente muitas saudades do grupo de pós... ainda prometo dar um drible no meu serviço e volto lá! A lista das Maternas é meu suporte diário de experiências e modelos. E o pediatra então! O Cacá é a fonte de sabiduria e tranquilidade em pessoa! ele consegue transmitir sossego no meio do Ai, meu deus! e ainda te faz dar uma risada. É preciso e sabe muuuuuuuuuito do que faz, aprendo a baldes!

Mas voltando ao assunto se virar e ao lar tradicional, cada vez que passo por um sufoco, dificuldade, noites de choro, grana que aperta, carinho que falta, NUNCA, MAS NUNCA MESMO, penso em ligar para o dono do espermatozoide como solução para algumas dessas situações ou outras. Nesse sentido, por fim, saiu melhor a emenda do que o soneto. Muito melhor ele ter desaparecido. Claro que eu não seria tão sem noção de ter ido engravidar num banco de esperma anonimo dadas as circunstancias trabalhistas, monetárias, etc. Teria construído, ou tentado construir uma situação económica melhor para PENSAR em fazer isso. Não esperava ter que me virar de uma hora para outra como aconteceu... mas rolou, me virei e continuo virándo-me. Não estou literalmente sozinha na empreitada, tenho o carinho e colaboração do time de tias e tios que realmente são nota mil.

Mesmo assim, as vezes bate um desamparo, uma vontade de viver em comunidade, familia. Passar a noites sozinha com o Esteban chorando de dor de sei lá ou qué, ou febre é foda. Sinto falta mesmo, naquelas horas apavoradoras, é de uma mãe. Daquelas bem carinhosas como lembro a minha. Que me diga que não é nada, que vai passar... que descanse um pouco, que seguro a onda e te acordo para dar de mamar. Mas, estou me virando.

Voltando aos lares tradicionalmente formados, infelizmente nem todos são felizes. Muitas mulheres tem, além de virarse sozinhas com os bebês, cuidar também das roupas, comidas do marido e do resto da casa. Como se não bastase, os pais mesmo não colaborando, se acham no direito de questionar e intervir em situações que atrapalham à mulher em relação à criança. Fazem barulho na hora do bebê dormir, criticam amamentação, e doideiras do estilo. Poucos são os maridos/pais que seguram a onda ombro no ombro, na Ilíade da criação. Meu salve a eles no desejo de que aumente a espêcie!

Nesse sentido me sinto uma privilegiada, não tenho quem me ajude no noite a noite, mas muito menos quem me atrapalhe!!! Mas uma coisa me revolta e aí que vem o tema dos condicionamentos... Por que as pessoas não se conformam da decisão de não procurar o dono do esperma? por qual motivo podem achar que esse sujeito poderia ajudar se nunca se interesou? Por que uma decisão que nos protege de situações de brigas e violência pode ser considerada de orgulho? Qual a revolta de que meu filho seja registrado apenas por mim se sou, por fim a única responsavel, mesmo pela sua existência?...

Se eu tivesse abandonado ele (meu bebê) depois do nascimento (no caso nós fomos antes), as pessoas se preocupariam tanto pela importancia da mãe? Por que então, tão importante um pai? um pai qualquer? E se eu fosse lesbica e o "pai" do meu filho fosse uma companheira?

A sociedade muda mas continuam existindo os fortes condicionamentos morais, religiosos, etc. etc... Mas já existem novos modelos, chamados de alternativos, porqe no se "encaixam" nos já formados a miles de anos. O importante, qualquer seja o tipo de lar onde nasceu é que o bebê vida rodiado de carinho, proteção, aconchego, principalmente amor. E de isso, temos a baldes.

Em rlação ao futuro, prefiro que seja o proprio Esteban que decida. Por enquanto ajuda é bemvinda, condicionamentos.... já temos tantos nesta vida!

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